5 maneiras como tratamentos para infertilidade impactam a saúde mental no local de trabalho (Portuguese)
Já passaram quase três anos desde que eu embarquei no meu caminho para fertilidade na Singapura e na Malásia. Quando comecei o meu tratamento de infertilidade, não tinha ideia de quanto o processo iria tomar conta da minha vida e do impacto que ia ter na minha saúde mental no local de trabalho. Guardei os meus problemas com a infertilidade para mim mesma por os primeiros 18 meses antes de admitir que eu precisava de ajuda e suporte do meu local de trabalho e, eventualmente, tirei uma licença sabática para me poder focar no meu tratamento de fertilização in vitro.
Trabalhando na indústria de talento e consultoria, e sendo alguém bastante ativa na comunidade de fertilização in vitro em Singapura, as dificuldades de fertilidade e tratamentos ainda são um estigma e um tabu culturalmente, por isso é normal que a maioria das mulheres preferem não revelar ou ate deixar os seus empregos porque a) psicologicamente tornou-se demasiado, b) não achavam que iam obter o apoio de que precisavam no seu local de trabalho. Tudo isto se deve à falta de conversa e educação sobre infertilidade e os tratamentos, e ao medo de perderem o emprego se mulheres começarem a ser sinceras sobre o que estão a passar. Embora empresas já começaram a considerar a implementação de políticas para apoiar as pessoas que passam por tratamentos para infertilidade, ainda está numa fase muito inicial em Singapura e é um assunto que necessita de mais sensibilização e educação.
Sabendo o que sei agora, a infertilidade é um assunto muito complexo e aqui estão 5 maneiras como tratamentos para infertilidade impactam a saúde mental no local de trabalho.
1. Perda de identidade
O tratamento da infertilidade pode consumir e lentamente assumir o controle da vida e identidade de uma pessoa. É um ciclo de uma miríade de emoções e para as pessoas que se identificam tanto com o facto de serem pais, mas ainda não tiveram sucesso, isto pode realmente destruir a confiança, atitude e sentimentos de fracasso que podem ser transferidos para o local de trabalho.
2. Efeitos secundários do tratamento
Durante o tratamento de infertilidade, o corpo da pessoa fica cheio de hormonas, por meio de injeções ou comprimidos. Podem sofrer de efeitos secundários físicos tal como fadiga extrema, ganho de peso, inchaço, náuseas e até sintomas cognitivos como ansiedade, alterações de humor e depressão. O resultado final é quem está a passar por este tratamento não se vai sentir bem e, mentalmente, pode ser difícil controlar os efeitos secundários enquanto se concentram no trabalho.
3. Infertilidade é uma jornada solitária
Devido ao estigma associado à infertilidade, muitas pessoas preferem não divulgar os seus tratamentos para engravidar por medo de que não vão obter o apoio que necessitam, de serem julgadas e o impacto que isso possa ter nos seus empregos/ carreiras. Isto significa que podem se isolar de eventos sociais para evitar ter de falar sobre os seus problemas. Isto contribui para a carga mental, o isolamento social e a solidão que pode afetar as suas relações no trabalho.
4. Stress financeiro
O tratamento de infertilidade é caro, por isso, para muitas pessoas a pressão financeira de pagar o tratamento (acrescentando o facto da probabilidade de sucesso que pode ser outra fonte de stress) pode realmente afetar a saúde mental. Isto está novamente relacionado com o medo de perder o emprego se precisarem de folga para irem a consultas, etc. É um fardo mental pesado para alguém que está preocupado(a) com as suas finanças, tentando ter um filho e ao mesmo tempo mantendo o seu emprego.
5. A infertilidade é imprevisível
Passar por tratamentos de infertilidade pode ser um processo longo e árduo, com várias etapas imprevisíveis. A imprevisibilidade da infertilidade pode causar muito stress, ansiedade e depressão que, consequentemente, pode causar impacto no trabalho se não sentirem o suporte necessário.
A maioria das pessoas pensa que tratamentos para a infertilidade são simples e quase garantidos, mas a verdade é que há muita carga mental para a pessoa que passa por estes tratamentos, por isso é importante que as empresas comecem a educar-se e a encontrar formas de apoiar os seus funcionários durante este processo.